IRMÃO
Há uma agonia que me trespassa a carne os nervos e a brancura
plana dos ossos. Contudo, não sinto na pele dor alguma -, apenas um travo
amargo na garganta e a certeza de que a resposta da dor será imensa. Não existe um linimento, tisana,
unguento ou o que quer seja que possa curar a enfermidade d'alma quando
carregamos a verdade do tempo presa às nossas costas. O que é a Vontade de Deus?
Como podemos compreender o quê, a nós foi designado como herança neste plano
físico? Esta compreensão em determinados momentos, me parece tão distante da
minha condição humana e mesmo renovada a minha crença nesta Fonte Sapiencial a
qual denominamos Deus, ainda assim, eu pressinto a dor e agonia acercando-se a
mim. A minha solidão é eterna. A minha solidão resiste e se sustenta e segue
mutilando toda certeza que eu depositei em meus passos no decorrer dos anos. Ao
descobrir o meu maior adversário o meu próprio sangue, o que está oculto em mim
- o meu próprio gene -, não tive como evitar a hora mais escura entre o dia e a
noite. E agora, ouvindo a inspiração que emana do silêncio, eu aceito e me
curvo diante deste vazio que murmura no imo da alma clamando perdão. Há um
coração dentro do meu peito, há um sopro que o mantém pulsante de vida e todo
um processo de crenças distorcidas, valores invertidos contribuindo de forma a aumentar
minha tristeza. Contudo, as sucessivas idas e vindas e busca do entendimento do
perdão e do perdoar, mantem a certeza maior ( o sangue) salvaguardando a minha paz e a minha
estrutura psicológica, não me fazendo um ser limitado ainda que eu caminhe na
solidão.
para meu irmão Plínio
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