Ela caminha cabisbaixa e indiferente
aos cachorros sem dono que a seguem. A sombra dos postes passam trazendo uma
mescla de tristeza e solidão. Sente o coração - (sabe que esta viva). Viva!Estar
viva, mas, por quê? Lentamente seus olhos buscam a lua. Pálida. Silenciosa.
Pendurada num pedaço do céu. Ama a lua.Sonha com a sua quietude – com sua
solidão. Ela é a lua! Sente-se assim – pendurada num pedaço do céu. Sente o vento
nos cabelos – o vento pode atravessar seu corpo, sente-se assim, fluída. Abre os
braços e continua caminhando. Abre a boca buscando o ar à encher-lhe os pulmões. Esta
vazia. Vazia de si. Oca de sentimentos. Os cachorros seguem calados –
observando. Talvez entendam aquilo como uma brincadeira, mas,não participam,
apenas observam. De súbito ela para. Junta as mãos em prece – os olhos marejados
se desprendem da lua. Pássaros noturnos voam baixo. Tudo é silêncio e solidão. Triste
ela percebe que não pode ser igual a lua. Suas pernas não suportam o peso do
corpo – cai. Aquieta-se enrodilhada feito um bicho. Os cachorros deitam-se ao seu
lado – silenciosamente aquecem seu corpo durante a noite fria.
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