Degredo
Os meus segredos a correnteza os levou-, um a um, como se a minha existência fosse um abandono, ou um mal realizado milagre. A imensidão é azul e o silêncio é para o cântico das baleias, o que o meu choro é para a minha angustia ___uma eternidade aquosa. Abandonei-me às promessas dos teus lábios cálidos e aos versos e rimas onde me fiz presente, e nem mesmo a alma do mundo esteve tão plena e tão liberta e ao mesmo tempo, o peso dos grilhões da tua poesia me mantém cativa. É inevitável que eu sofra, pois a existência malograda do amor, pode ser a minha condenação. E antes que o tempo seja o fio que a lâmina separa, quero purgar todas as dores e nas febres terçã, só o meu desejo faz a sintonia, porque estou só, infinitamente só entre o céu e o inferno e todos os meus segredos agora são seus.
imagem: Jason de Caires Taylor
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