segunda-feira, 29 de julho de 2019

OBSÉQUIO



Quem não conhece a si mesmo dificilmente será reconhecido pelos outros. Se nos expressamos utilizando máscaras, nenhum processo de crescimento é possível e com o passar do tempo a significação da nossa existência se tornará obsoleta. A grande virtude do ser humano, ainda é a verdade concreta, absoluta, livre de códigos que impossibilitem a compreensão dos fatos. Elucidar ideias não exclui a bondade quer aceitemos ou não, mesmo que optemos por ficar sentados à margem da dinâmica da vida as coisas acontecem no processo natural e invariável. À medida da nossa ignorância é a mesma com a qual julgamos e somos julgados. Recriminamos o outro e somos benevolentes com a nossa 'verdade inexata'

sábado, 27 de julho de 2019

MÍSTICA


Fúnebre é o rito o mito o lixo que assola e consola a ladainha das carpideiras. Funesta é a boca vermelha que se assemelha a flor carnívora provocando aflição e amargura nas nervuras da pele. Ah, tempo insolente preso entre as costelas de Adão adormece e fenece num parto sem cor.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

NA OITAVA




A vestimenta desta noite será a mesma de ontem. Os sonhos e as dores viajam em malas de couro curtido [são as tatuagens e as cicatrizes das feridas] não as esqueçamos em qualquer estação, não no despimos delas enquanto atravessamos imensos salões com seus candelabros de cristal. Este dia será lembrado por mim - o dia em que Mozart tocou para Lilith a sua 8ª Sinfonia. Houve pose para fotografias? Seria justo eternizar o momento, a expressão ignóbil, a boca seca, os joelhos trêmulos e a ausência de palavras. Jamais eu podia imaginar: por fora bela viola, por dentro pão bolorento...







quinta-feira, 11 de julho de 2019

DA INSENSATEZ AO SUBSTANCIAL

Ah! Você me pede de dez em dez minutos e eu voo até os seus lábios tantas vezes forem necessárias para matar a sede e depois ficar assim nessa malemolência de quem nada quer. É o que digo: às vezes é necessário apertar os olhos e nada ver das brincadeiras que acontecem na beira do muro. Eu conheço tão bem as linhas do seu rosto e na palma da sua mão a letra do meu nome não faz mistério ____existe!

segunda-feira, 8 de julho de 2019

IN_SUSTENTÁVEL


Como se eu parisse a mim mesma num parto solitário e não visse as folhas nem as flores por estar diluída em azul tão profundo como o céu quando as estrelas em fuga se escondem em arco íris de lascívias mil. Como se fosse possível sustentar o gozo deslizante das palavras nuas e transformá-las em pequenos sóis porque a noite já não é mais de medos ou pesadelos e eu te olhei nos olhos no instante em que pari um sonho e cuspi no espelho.