quinta-feira, 23 de abril de 2020

NOTURNOS


Os silêncios me fascinam, da mesma forma que me fascina o voo da harpia solitária sobre os campos de onde eu nasci. Ocorre que eu não vejo mais os campos verdes, só a janela aberta, por onde o vento assopra os segredos de cada dia. Eu duvidei de mim. E na minha condição de 'sonhadeira', pude finalmente ver o mundo azul, e cismei de ser poeta. E tão poeta eu me senti, que caminhei entre os poetas, e, ouvindo o clamor de suas almas, esqueci a minha impossibilidade de voar. Hoje, a razão de tudo se desfaz enquanto eu olho para o céu, e os meu braços, pesados, doloridos, se abrem de leste a oeste esperando alçar voo...