sexta-feira, 29 de junho de 2018

OLHARES TROCADOS



_____ o olhar desvenda a mancha e a janela sinistra é passagem e passageira. É chamariz de toda verdade quando exibe o vazio que não existe além da nossa compreensão e enfatiza os desejos à medida que o tempo (inexorável) se adianta. Evoca a alma e da alma os lamentos qual fera parida ao perder sua cria...
... e se pergunta: qual o meu lugar nessa história?!
A confluência entre a dor e o amor, o estar e o ser a captura da imagem manifestando o gozo, a vida, o amor e a paixão entre o nascer e o morrer de cada dia. A relação ambígua entre sonho e realidade questiona cada gesto, cada olhar enfatizando a presença reconhecida durante toda uma existência contida no espelho se desdobra em facetas - enigmas redirecionando o olhar o entendimento e a ação.


imagem: LL

quarta-feira, 27 de junho de 2018

AMBIGUIDADE


[ ! ] ____há cem mil anos o que era escuridão transformou-se no sobejo da vida e  o árduo silêncio imposto àqueles seres despidos de pele e ossos destinados de antemão ao caos absoluto, foi interrompido pelo nascimento da luz. Todos os despojos da consciência primitiva convergiam a um mesmo ponto: o nascimento do coração humano. Tum...Tum...Tum... Tum... E a primeira palavra ecoou na grande câmara cardíaca vibrando as cordas tendíneas, fazendo a eletricidade percorrer cada célula, cada partícula da existência humana. Olhos foram paridos em talhos longitudinais e as formas distintas entre a luz escuridão  criaram a poesia do nascimento. Olhos recém paridos e a iminente aparição do amor vindo em sua estrela de luz -, acordaram o torpor de Bakhtin, quê, transmutado em basilisco de vidro devorou o coração do amanhecer.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

SOLSTÍCIO

O pensamento pairou sobre mim, ousando revelar o teu olhar de sol na conformidade do meu mais íntimo sentir. Parte da verdade absoluta esta no meu corpo, que arde enquanto executas a sinfonia na confirmação da tua glândula e nos teus cristais e no teu delíquio. O frio penetrado na inadimplência do falar se recolhe na unção dos teus líquidos quê, derramados em brancos filetes, desenham filigranas solenes na insensatez da noite ancestral. Sigo caminhando ao seu lado e não estamos sós - somos hoje o que fomos ontem em essência e o que seremos amanhã em carne.
E na linguagem de todos os nossos 'eus' o olhar dos deus -, é sobre nós.

para Odur




segunda-feira, 11 de junho de 2018

PRIMORDIAL



Muitas tardes na minha vida eu olhava através das janelas destituída da esperança que nos mantém vivos e permanentemente à espera do amor. Ouvia ao longe os sinos e as ogivas riscavam o céu. O mundo luminoso contemplava o fogo e os caminhos eram diversos. A minha alma era diversa de mim. Qualquer que fosse o meu pensamento, era a tristeza quem falava. Era a tristeza quem desenhava moinhos de vento nos muros ao redor aprisionando os meus passos. Abandonar-me à solidão era professar o meu fracasso-, era perder-me entre as folhas de um velho livro e adormecer nas poesias de Quintana e acordar nas cartas de Nora Barnacle... O tempo era avesso ao amor e ao delírio de amar. Durante os dias que se seguiram, houve um certo embaraço, um certo ardor e depois tudo mudou. A visão tremeu diante de mim e eu já esperava por isso, então, me soltei em sonhos inacessíveis porquê a sua presença era alheia à minha vontade. Houve sístole e diástole e um reviver do sagrado que há em nós. _ Onde estivera? - e o mundo tornou-se a minha casa assim como a minha poesia  recobriu a máscara brilhando você bem aqui, dentro dos meus olhos __para sempre seus.

para LAM