sexta-feira, 28 de julho de 2017

É ASSIM QUE NASCE A POESIA


____é assim que nasce a poesia: de um impulso!
Há uma conexão entre o aqui e o 'acolá' -, e as informações que necessitamos nos são passadas diuturnamente, mas nem todos são capazes de entender as mensagens. Então nascem os poetas, que ao interpretar-se, traduzem a poesia do mundo em verso e prosa. Assim falando sobre amores, sobre as rosas, as noites, os mares e marés de sizígias, sobre o espírito e sobre a carne, os poetas seguem decifrando os enigmas da criação completamente imbuídos da eterna e divina arte de amenizar as dores do mundo na beleza da poesia. Sou poeta! Eu nasci assim -, se faço certo a minha poesia então é sinal  de que o meu caminhar é feito no sentido da luz, não o inverso.


foto: LL



domingo, 23 de julho de 2017

ENTRE O SER E NÃO SER


Nenhum lugar podia ser melhor que Vanaheim. Não naquela época em que eu andava por lá, usando a velha calça jeans desbotada e os cabelos caídos sobre os olhos, levando no ombro, a bolsa tiracolo feita de barbante. Eu ansiava pelo anoitecer tanto quanto pelo amanhecer, porque as respostas para as minhas perguntas tanto se davam ao clarão da lua, ou sob o calor do sol. E não havia nada mais angustiante do que não poder me desvencilhar do Reino do Óbvio e viajar pelos céus daquele mundo fantasioso. A sombra de Yggdrasil era por demais convidativa a interpretações do Mundo Descarnado, tal qual era bom viajar naqueles balões coloridos sem o incômodo de lamurias dos visitantes indesejados. O Tempo era mais que um ancião alquebrado, e aromava hortelã o seu halito enquanto me dizia chamar-se Yohanan. O Tempo não engole ninguém nem mesmo engoliu Jonas! Às vezes uma chuvinha amiúde feito brisa, obedecia o modo de bem viver das plantas e flores. Mesmo preocupada com os meus papéis de carta eu me permitia beber dessa água como se fosse água batismal. Todos os dias eu renascia na inocência de um ser irreal, enquanto lá fora -, o mundo se vestia qual Babilônia em sua glória obsoleta.


imagem: Chelsea Greene Lewyta



sexta-feira, 21 de julho de 2017

MEIA NOITE


O dia se rendeu à noite -, numa frequência imposta, as flores repetem a doutrina da continuidade ingênua, expondo-se a olhares indiferentes ou desprovidos de amor. A noite é vestimenta do homem tolo, é parte do evangelho que alimenta a alma que o dia não corrompeu. Não há tormentas excessivas no desenlace das horas, não há dor neste silenciar de preocupações, até mesmo porque a beleza das flores aniquila a pobreza do pensamento vão.

foto: LL

UM BREVE MOMENTO ENTRE O CLARO E O ESCURO



Deixo resplandecer a tentativa do pecado de recriá-lo só para meu prazer e o que me conduz aos traços ora nervosos ora suaves, é o instinto primitivo que  revoluciona o claro e o escuro numa desesperada ânsia de deter o seu olhar sobre mim. E o 'proibido' me invade o pensamento anunciando que a solidão chegou ao fim e o mais íntimo e satisfatório impulso me permite a visão da metade que é só minha - " Eu sou teu cântaro ( e se me romper?)" -, serei o seu amor incorrigível que treme a alegria no labirinto de um beijo francês e todos as risadas defendidas com a curvatura do meu corpo sob o seu. Serei a sua metade em rabiscos entrelaçados no claro escuro de cada poesia onde eu desenho o seu olhar sobre mim.

para Odur



desenho : LL


segunda-feira, 17 de julho de 2017

ELEMENTOS DO SIM E DO NÃO


Lamento muito que o mundo me pareça uma aquarela e eu pacientemente vou torturando a folha branca com cores em desenhos sem muita pretensão de acertos. Só não quero reprimir a singular harmonia das linhas. Como é agradável aos olhos esse vai e vem das formigas e a modorra do dia obrigada empinar pipas em defesa do sol. Eu vi os meus olhos  curados da opressão e a minha mãe me conduzindo entre as exclamações e xingamentos da Rainha de Copas - mais uma xícara virou cacos e os barracos de pedrinhas coladas emolduram a coluna do morro. Ah... Mea culpa, mea culpa, mea culpa! Eu nasci assim, com um pé no sortilégio e o outro numa Ave Maria.


imagem: Casinhas no Morro / LL


sábado, 15 de julho de 2017

ENTRE VERSOS


____ o que será de mim, será ENTRE VERSOS?!
Serei a carne e a rima
os ossos e a plástica do poema
a textura de cada página
o desenho 
o símbolo
a letra que minh'alma desenha
em forma de versos
re_versos o que será de mim
por ser eu____ um verso?!



foto: LL



quinta-feira, 13 de julho de 2017

VIAGENS


Acabei de olhar o céu -, poucas estrelas estão visíveis, mas o desenho das nuvens é fantástico, surreal! Hoje a noite está silenciosa, apenas um ou outro ruido e o "conversar" distantes entre os cachorros. Nada me fala de tristezas - não, algo até bem singular me faz dar risadas aqui sozinha: eu estava comendo brigadeiro de panela e lambendo os dedos!Uma tentativa puramente infantil à qual me entrego feliz. A infância não se distancia de nós a não ser que todas as nossas perguntas tenham obtido respostas e não hajam mais motivos para sonhar. Não creio que isso seja possível -, não nos tornamos adultos, insípidos e insensíveis porque não matamos a criança dentro de nós, ela aproxima-se e podemos ouvir o coração da noite e sentir o perfume das estrelas -, ninguém nos impede de viajar em navios fantásticos e buscar a aurora boreal. Não! Ninguém nos impede de viver e nem a Vida se retira de nós sem que permitamos. A primeira ausência é o medo de sonhar e isso nos faz resvalar para o mundo obtuso dos mortos-vivos e o seu tom peculiar de dizer: Isto não existe, deixe de sonhar! - deixar de sonhar, isto, sim é o mesmo que deixar de viver e não condiz com minha alma de poeta.



DIVINDADE


Podemos criar asas_______frágeis e delicadas como asas de borboletas ou grandes e possantes semelhantes aos grandes pássaros que  ganham alturas e vencem as distâncias, muitas vezes intransponíveis. Vencem as tormentas sobre o mar e sabiamente tirando proveito das correntes de ar quente, planando para poupar energia.  Este processo alado só depende de nós,  de como e quanto acreditamos em nosso poder de criação; porque a força motriz age dentro de cada um de nós como uma fagulha da 'divindade criativa' -, sejamos deuses de acordo com a nossa força! 



Foto: LL



domingo, 9 de julho de 2017

CAMMINUS


Observei o silêncio e o caminho e finalmente pude ouvir o sussurrar das árvores. Descobri a responsabilidade de cada segredo e a eternidade de cada palavras dita e depois que a chuva se retirou das minhas pálpebras, ninguém exceto eu podia dizer do gosto das lágrimas. Algo me atrai além da paisagem e agarrada às minhas inquietações e instintos antecipo a partida na iminência de uma chegada. Tudo é real de acordo com a sua capacidade de sonhar -, ser feliz é obter exito sobre cada sonho e isso só é possível à medida que percorremos o caminho.



                                                 foto: Surel Anjos Uel



quinta-feira, 6 de julho de 2017

SEIS DE JULHO


Não sei quanto tempo permaneci ali imóvel, um intenso mal-estar, misto de dormência transformava-se em luminosidade cada vez que eu cerrava as pálpebras. Os raios e trovões alumiavam as formas de vida que estavam além da janela, além dos vidros embaçados pelo hálito quente da minha respiração. Cheguei a entregar-me aos pensamentos mundanos ressurgindo ao fim de alguns minutos como se fora um desenho de traços imprecisos. Queria renascer obedecendo aos tratados de paz, mas uma embriaguez que sempre guardou em quê de pessoal me manteve e me mantém parada diante da entrada do labirinto. Talvez eu me lembre de como encontrar a saída seguindo a trilha dos espíritos ou me torne imortal dentro dos meus próprios sonhos -, porque eu sei que está na hora de cortar os meus cabelos e sentir a impaciência do vento nas minhas asas -, eu posso voar na exatidão do minuto e perceber cada detalhe e cada pensamento plasmado no éter, todas as esperanças ainda moram comigo e eu desenho flores nos meus pés e a casualidade impele os meus desejos. Sou como sou - nasci há poucas horas e a renovação inspira-me a acordar os pássaros e voar com eles, mas como eu poderia fazê-los acordar? Como?! Se a noite inspira medo deixando-os assombrados... Talvez amanhã ao 'beijo do Sol'-,  tudo  - com exceção de uma única flor - seja a pronúncia da Vida que acende os meus olhos no contorno da sua presença feito uma pintura encáustica. Ela nasceu, eu nasci!



terça-feira, 4 de julho de 2017

DESTINOS



Extraordinário era o vazio e a indiferença das tardes diante do velho carrilhão e seus ponteiros dourados. Só me restava a Rosa dos Ventos  -, florescendo a direção que os meus pés deviam seguir. Os meus olhos desapareciam por entre as nuvens e as suas mãos choviam na natureza das flores; e o desenlace de pensamentos era como o término das noites e o início dos dias - pouco me importava o evangelho da Vida e as suas reprimendas porque ela estava ali e aquela presença me valia contra o mundo. A luta era minha, o caminhar era meu, o apetite era imenso de sabores - Vida era minha e ela era a irmã e era a mãe de todos os Tempos e eu escrevia o seu nome no embaraço das linhas sem saber da gratidão que amarraria  a sua vida à minha. E todos os invernos passaram e eu, já habituada à solidão que amiúde tenta me enlouquecer revelando um pedaço do céu e 1/4 do inferno e suas moralidades excessivamente humanas, me faço em murmúrio a cada instante - como uma prece ante o pão assando no braseiro e a incerteza diante do copo d'água. E mais uma vez ela compartilha a Vida e o sonho para que um dia possamos celebrar a comunhão da existência porque não há diferentes palavras entre nós quando caminhamos juntas em procissão carregando o pranto das velas e a indescritível alegria de poder cantar enquanto a claridade ainda está em nossos olhos. 

para minha irmã Dulce 
( in memoriam)



foto: LL


sábado, 1 de julho de 2017

JULHO

    
Toda trêmula e nua de rendas e sedas, rilhando os dentes na arcada da boca. Ai, que desgosto! Quisera fosse agosto com seus cachorros loucos uivando em dissonância me fazendo assustada  e com olhar pregado neste céu sem lua. Mas agora é julho - e então me beija a boca sem se importar com as estrelas  imperfeitas ou queixumes da lua. Há um súbito verso em cada esquina, um rumor que só amofina e uma sofreguidão de tanto querer - que até me despi das roupas e rasguei a pele no nervoso das horas. Mas que história é essa?! Logo mais eu vou nascer -, se é que me entende?! E por isso ando a sofrer essa tesão que me aflige e me desmaia a razão de existir no seu abraço de bicho faminto. Ah, então me beija a boca, os pés e as coxas porque a noite já chegou por aqui e logo vai virar mais uma folha do calendário e tudo fica 'caliente' quando me morde a nuca e me soa bruto o seu respirar...

para Odur



imagem:  LL