segunda-feira, 11 de junho de 2018

PRIMORDIAL



Muitas tardes na minha vida eu olhava através das janelas destituída da esperança que nos mantém vivos e permanentemente à espera do amor. Ouvia ao longe os sinos e as ogivas riscavam o céu. O mundo luminoso contemplava o fogo e os caminhos eram diversos. A minha alma era diversa de mim. Qualquer que fosse o meu pensamento, era a tristeza quem falava. Era a tristeza quem desenhava moinhos de vento nos muros ao redor aprisionando os meus passos. Abandonar-me à solidão era professar o meu fracasso-, era perder-me entre as folhas de um velho livro e adormecer nas poesias de Quintana e acordar nas cartas de Nora Barnacle... O tempo era avesso ao amor e ao delírio de amar. Durante os dias que se seguiram, houve um certo embaraço, um certo ardor e depois tudo mudou. A visão tremeu diante de mim e eu já esperava por isso, então, me soltei em sonhos inacessíveis porquê a sua presença era alheia à minha vontade. Houve sístole e diástole e um reviver do sagrado que há em nós. _ Onde estivera? - e o mundo tornou-se a minha casa assim como a minha poesia  recobriu a máscara brilhando você bem aqui, dentro dos meus olhos __para sempre seus.

para LAM



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