domingo, 29 de abril de 2018

PRIMEIRA


Quando eu me sentei no topo do mundo, imediatamente alguém feito um louco alucinado me perguntou aos gritos: cadê as suas velhas tristezas? Mas quem ouve, escuta atento; e já sabendo de todas as condenações me coloquei no desvio do apedrejamento. Cá em cima, eu cismando com meus botões, ignorei as baratas revoltosas em sua cegueira, celebrando o sensacionalismo torpe que não se ler em livros pois os diamantes são para o cérebro e não para as más línguas. E quando a noite não se fez de rogada escancarando o céu da boca, o dia começou a pintar motivos decorativos na linha dos ciprestes e a ocupação das Horas pareceu-me resplandecer. Desse modo, fui-me à contemplação e a olhar a rua e seus esquálidos transeuntes. O casario tomando forma no pratinho de porcelana - era o retrato do que eu via. A Vida e as migalhas não menos valiosas sendo varridas pelo pincel carregado de tintas. E neste ínterim, as  bocas mudas  seguem preenchendo a superfície da Terra na tentativa vã de intensificar o simples diante do avantajado. Por fim, uma criança vestida com roupas puídas solta o pássaro e orienta o olhar que se encontra com o meu.





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