quarta-feira, 8 de julho de 2020

CAPÍTULO PRIMEIRO


O fim daquela brincadeira e a minha salvação, eram a mesma coisa e eu percebi um tanto orgulhosa, que não carecia mais de disfarces. A vida se escancarou diante de mim como poucas vezes aconteceu, as conexões mitológicas, os dogmas revelaram a amplidão diante dos meus olhos e eu vislumbrei a consciência. Caminhei ereta. Mantive ao meu lado, os peixes e suas bexigas natatórias como se fossem bússolas sempre me mostrando o norte de todos os caminhos. Raras vezes olhei para trás, porque eu não existia antes e nem mesmo a minha sombra pertenceu ao passado. A partir desse dia entrei e sai daquela paisagem sem receio algum, pois já não éramos pessoas estranhas a quem o destino trata de forma incompreensível. Não. Não somos indiferentes um ao outro, porque vencemos a escravidão das horas e o jugo dos filósofos de meia boca. Minha consciência tornou-se ampla, límpida e as interrogações deram lugar ao riso num processo de cor e luz dentro de mim.


imagem: Vista do Morro Anhangava
Aquarela sobre papel Hahnemühle
Luciah Lopez


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