domingo, 9 de setembro de 2018

VÉRTEBRAS


Acordei dentro das suas dores, como parte das suas vértebras, da sua coluna, do seu eixo.  Sou parte da sua medula, do sangue doce que corre pelas suas veias, vasos, artérias, vênulas. A dor dos seus punhos, do seu 'muque',  é nas minhas mãos,  feito o seu cansaço buscando o aconchego das minhas palavras, porque não estamos sós, nunca estivemos e nunca estaremos. Sou parte sua, parte da sua dor, parte do seu êxtase de viver e sonhar a ancestralidade da carne que desaguou dentro de mim e agora navega os meus rios de infinitas corredeiras. Todos os unguentos estão nas minhas mãos, que se perderam na geografia da sua pele entre afagos e suores restituindo a sua paz.

para Odur

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