sexta-feira, 31 de agosto de 2018

VELHOS PRESSÁGIOS






No sopro do vento em cada grão de areia uma solidão agreste 
desemboca na foz do coração. No lombo ardido a sangria chove a solicitude das notas azuis de um antigo blues.
Pés descalços entre passos, longa demora na dança delírio na porta agora fechada. No leito de um semi-deus, arreios caindo imensos vazios anseios de mulheres apupos e aplausos. Pé ante pé meu olhar se detêm nas voadoras palavras que acompanham o teu nome. Incoerência é soluçar agora. Recostada nos muros da memória desfaleço. Ainda um impulso de beijar tua boca distraída bêbada e definitivamente minha. A mim não importam os sonho. Vagabundos sonhos soltos no vácuo pálido das parede sou escondidos no muro dos quintais . São como os dentes-de-leão que sopro ao vento, repetidamente sopro ao vento. Matizes febris na ligadura das duas luas a sua e a minha. Salientando esta distancia de sombras e escombros e raízes expostas e brocadas, ouço uma música inacabada e tropeço um gesto convexo procurando teu corpo na fúria brejeira que me toma e escorre por minhas pernas no momento exato que o meu sol explode em tuas mãos deixando-me nua diante do menino que existe em você.

para Odur



imagem: Tomaz Alen Kopera


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