quinta-feira, 14 de julho de 2016

FÊMEA

FÊMEA
 
Não importa se é lua cheia ou noite de escuridão. Ela arranca a roupa e uiva feito bicho-, rolando no chão, em atitude provocadora passa a língua pelos lábios e rasga o verbo falando palavrão. Nessa hora, ela é bicho que não atina coisa com coisa e não adianta reza e nem figa, porque não tem fuga. Tudo é questão de momento e o tempo desacelera em conchavo evidente. Lá fora,  a lua espia em silêncio e morrendo de inveja se cobre de nuvens. A vizinhança em polvorosa, batem as janelas e as mais afoitas esfregam as coxas aproveitando a comichão. E lá no chão, no tapete da sala de estar-, braços e abraços, bocas e línguas, salivas e beijos, pernas e sexos se possuindo numa consumição que até mesmo o padre eterno abdica da castidade e se entrega às malemolências das ex beatas e prova da mesma maçã da tentação. A noite segue madrugada à dentro e ela uiva e crava as unhas nas costas do seu macho, puxando o peso dele sobre o próprio corpo em completa rendição -, na verdade uma mulher/fêmea compartilhando seu orgasmo.


Freya e Odur



 imagem: Hyohei Hase



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