quinta-feira, 6 de julho de 2017

SEIS DE JULHO


Não sei quanto tempo permaneci ali imóvel, um intenso mal-estar, misto de dormência transformava-se em luminosidade cada vez que eu cerrava as pálpebras. Os raios e trovões alumiavam as formas de vida que estavam além da janela, além dos vidros embaçados pelo hálito quente da minha respiração. Cheguei a entregar-me aos pensamentos mundanos ressurgindo ao fim de alguns minutos como se fora um desenho de traços imprecisos. Queria renascer obedecendo aos tratados de paz, mas uma embriaguez que sempre guardou em quê de pessoal me manteve e me mantém parada diante da entrada do labirinto. Talvez eu me lembre de como encontrar a saída seguindo a trilha dos espíritos ou me torne imortal dentro dos meus próprios sonhos -, porque eu sei que está na hora de cortar os meus cabelos e sentir a impaciência do vento nas minhas asas -, eu posso voar na exatidão do minuto e perceber cada detalhe e cada pensamento plasmado no éter, todas as esperanças ainda moram comigo e eu desenho flores nos meus pés e a casualidade impele os meus desejos. Sou como sou - nasci há poucas horas e a renovação inspira-me a acordar os pássaros e voar com eles, mas como eu poderia fazê-los acordar? Como?! Se a noite inspira medo deixando-os assombrados... Talvez amanhã ao 'beijo do Sol'-,  tudo  - com exceção de uma única flor - seja a pronúncia da Vida que acende os meus olhos no contorno da sua presença feito uma pintura encáustica. Ela nasceu, eu nasci!



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