segunda-feira, 25 de abril de 2016

FINALIZANDO


Finalizando

...hoje quando acordei, tudo por aqui estava envolto em neblina. Mas com o sol, o céu se derrama em partículas de ouro em pó...
Misteriosamente uma cigarra (imaginaria) começou a cantar, grudada ali, na veneziana do meu quarto. O canto da cigarra me transporta para um outro lugar - um recanto escondido na minha memória - chamado "infância". E o mesmo acontece com o cantar do bando anus,  seguindo os bois pelo pasto e dos bem te vis pousados no ramo mais alto da "touceira" de bambus, onde eu, me balançando fugia do mundo. E as frutas! Sempre as frutas - jacas, pitangas, melão de São João, Maria preta, seriguela, gabiroba e outras, mas estas, em especial, fazem parte dos sabores da minha memória.Tudo ali, reunido ao santificado sabor do doce de leite, de goiaba e marmelo, de mamão verde e o cheiro do queijo assando na chapa do fogão à lenha. Aqueles dias podem ser tão longos quanto a eternidade, mas o que eu sabia sobre a eternidade?! E quando o vento soprava forte, anunciando a chuva, eu subia no galho mais alto da minha goiabeira de frutos brancos e me balançava - imaginando voar; e voava mesmo! Voava nas asas dos gaviões e das corujas buraqueiras e depois pousava no lombo de algum boi solitário e pedido em seus pensamentos 'mascando' uma touceira de capim manteiga. Quando vinha chuva lá do céu, molhando aquela terra e escorrendo pelos veios dos barrancos, expondo as raízes da velha e frondosa Ceboleira, eu me punha a navegar em barcos feitos de papel... E quando a tarde ia morrendo - os bois 'rezavam' num mugido triste e rouco e tudo ficava mais lento e mais lento até o sol se deitar por detrás dos meus olhos e dormir o mundo dentro dos meus sonhos.



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