sexta-feira, 22 de abril de 2016

IMORTAL


Imortal


Não haverá noite, nem amanhãs...

Somente o ser
pisando no barro e
cuspindo no sonho que lhe sobe pelas encostas,
conduzindo estrelas e as dores curtidas
nesta argamassa que lhe reveste os ossos.

A boca que segreda esquinas
lambe
as feridas cruas,
e agora – um silencio de pedra
no assoalho das catacumbas...

O medo
onde a lua veleja na lembrança e
surge solitária e densa
por detrás das araucárias – gênese sob a cruz!

E o calvário do olhar pentassílabo 
padece 
enquanto navego este céu viandante da noitidão da alma 
que me fecha as asas
calando os malefícios e soluços
dos nobres.

Recitando o Salmo e incorporando
o renascer do mundo
caminho descalça pelo átrio
desta quimérica Babilônia.


foto: Lu Genovez


Nenhum comentário:

Postar um comentário