domingo, 23 de outubro de 2011

LIBERDADE


LIBERDADE


Às vezes penso que ser livre nos dias de hoje, me mantém mais presa que antes. O preço da liberdade é salgado e doloroso.
Afinal, a liberdade é uma bandeira que sempre desejamos levantar. Liberdade é vento, ventania e isso é divinal!
Ir e vir sem ter porque, sem ser questionado nem questionar, é o sonho azul de cada um. Era o meu sonho também. Eu imaginava assim...
Acordar, ver a “cara” do dia, respirar, tomar banho, comer e vestir meu belo jeans desbotado, tênis e camiseta e arrumar os cabelos... ah, meus cabelos tão longos e cacheados, soltos ao vento em protesto contra tudo que era liso e simétrico emolduravam um puro olhar. Um inocente olhar...
Meu perfume! Esse ainda é o mesmo, o meu cheiro, marca registrada -"Tamango", questão de gosto, pois existem outros.
Depois, ouvir música. De Jimmy Cliff e Bob Marley a Gilberto e Caetano, transitoriedades urbanas!
A porta se abre! Uma voz, um andar, um olhar incisivo...
E eu ali sentada, calada “bolada”, enquanto meu avô lia versículos do Alcorão - e eu pensando – “ que merda é essa” ?! Era a liberdade de poder pensar e pensar que mais tarde viria o padre rezar o terço e eu tinha que “comer” a Hóstia. Que conflito! Deus ou Allah?! Biquini ou hijab?!
Que merda é essa?! Eu não sabia o que pensar, pode?!
Hoje eu posso falar e pensar tudo que quiser, usar calça jeans rasgada, cabelos com luzes ou mechas, ir e vir, ponderar e decidir se vou dormir ou teclar mas, e daí?! O que mudou? Nada. Nada muda, é tudo sempre tão igual, meu avô ainda lê o Alcorão, crianças ainda são violentadas, ainda as guerras derrama sangue inocente,novas prisões são levantadas bem na nossa cara. Então a liberdade é só o poder de pensar “que merda”?! Mesmo assim, ainda dói porque tem que saber quando pensar e em quem pensar, senão, “ta fudido”! E como sou livre, posso gozar a sensação de dizer isso de boca cheia, sem ter os olhos de minha avó me fitando ou dedos em riste me dizendo - "Isso não pode". Mas ser livre para quê? De que me vale essa pseudo liberdade se estou presa a outras coisas, tantas regras, pode não pode! E o pior, é que estou presa pelo coração e essa é a pior prisão que existe, pois você nem me vê!
Nada mudou... saudades da minha avó sempre... véus que não caem...palavras que não são ditas...
Ah, só meus cabelos eu cortei!




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