sexta-feira, 30 de novembro de 2012

UMA CARTA


Olá...

Eu preciso conversar com alguém, falar de mim, de minhas dúvidas, minha incertezas e como você conhece minha alma, resolvi escrever...

Hoje de manhã eu chutei pedras que estavam pelo chão. Senti uma necessidade de jogar para longe tudo aquilo que eu não estava entendendo.

Essas pedras soltas... Meu caminho... Tinha que chutá-las. Creio que você sabe o que estou sentindo. Afinal, conhece a vida melhor que eu, sabe de todos os meandros que eu desconheço, talvez tenha sido isto o balde de água gelada que me atingiu. Até mais fria que a água do banho. Ontem, eu me senti 'estranhamente' possuída por uma quase paz, então, água! Frio!! Vazio!!!

Deve-se isso, a essa minha fluidez. Seres etéreos volitam enquanto seres densos pisam o chão. Olho para os meus pés, vejo sapatilhas de Ballet. Caminho com minhas sapatilhas sobre o fio da lâmina contrastando com seus sapatos de couro. Seria eu o avesso de sua densidade, e, por isso estabeleceu-se esta simbiose?! Seria isso?! Minha fluidez fazendo contrapeso à sua densidade?!

Não é possível! Criaturas que esvoaçam não atraem seres densos, seria a própria morte. Mas nesta minha ignóbil condição de pássaro aprendiz, tento alçar um voo, mas não tenho conhecimento para tal...

Sinto-me nua. Caminhando e chutando as pedras soltas. Nua de mim mesma. Nua de todo sonho, lavada nesta água fria que caiu em mim através das letras sendo pintadas uma a uma como gotas de chuva fina formando palavras e a minha sentença.

Você consegue entender? Não é difícil para alguém como você entender um ser fluido . Você pode ver através de mim, talvez seja isso -  você olha através de mim - não me vê mas me sente. E sentindo minha alma, você me conhece, então me explica o que esta acontecendo comigo?

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