sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PROSTITUTOS OLHARES



PROSTITUTOS OLHARES

Ainda não foi desta vez que a boca cuspiu a saliva
nem as vísceras gelatinosas.
Só mais um pouco – mais um pouco e a turbulência das coisas obscenas se aglutinam em forma de cuspe e então – lá vem o escarro certeiro.
Ninguém vê direito através do vidro das janelas, dos bares e botequins. Ninguém vê a cor do cuspe no canto da boca e nem o resto de batom barato que contorna os lábios escancarados das prostitutas de plantão. Elas têm lábios?!
Onde ficam os verdadeiros lábios das prostitutas que cospem a sua presença  assediando o pensamento encarquilhado dos velhos?!
Agora a pouco, uma sirene assuntou as bocas (arquibancadas de andarilhos) e os olhares se compromissaram. Quem viria a seguir?! Um garçom nu? Um advogado vestindo uma toga vermelha? Uma outra prostituta?! Não!! Os passos na calçada são dissimulados e espremidos nas coxas como passos de moça virgem e ansiosa das coisas. As outras cospem no chão e bafejam no vidro enquanto tentam ver a moça solitária com seus livros embaixo do braço. Só uma moça pisando leve com seus saltos finos.
As bocas de lábios verdadeiros e caras de lua cheia se esparramam coladas no vidro encardido e observam. Observam! Temem por sua estapafúrdia existência enquanto olham e ouvem os passos lá fora. A obscenidade de cada pensamento entreabre a boca dos homens fazendo com que suas mãos (direita/esquerda) desçam para o meio das pernas e os façam machos e donos de uma virilidade sem sentido. E o cuspe escorre no canto das bocas e os olhares descendo a ladeira das coxas espremidas e úmidas, vão até o chão onde eles se manifestam decidindo o rumo e a razão.
Os sapatos vermelhos e uma moça de olhos cor de mel atravessam o imaginário das prostitutas cheirando a naftalina e escorregam na alucinação dos homens forçando a saliva grossa de encontro aos lábios finos.
A noite em alguns lugares é assim...


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